Nem Moscas, Nem Mosquitos: Bom Senso e Bom Gosto

Nem Moscas, Nem Mosquitos

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Bom Senso e Bom Gosto

Caros e estimados leitores:

Interpelo-vos com a seguinte pergunta: acham que o cinema Português possui qualidade?
Infelizmente, a maior parte das respostas serão negativas, sendo que aqueles que responderem afirmativamente são aqueles que ainda possuem como referências do cinema que se faz cá na “terrinha”, o “Leão da Estrela” e o “O Cerco”, entre outras obras (de qualidade, diga-se de passagem) que ainda estavam sujeitas ao cunho da censura de Salazar.
Em comparação com o que se faz lá fora, o cinema português é claramente de qualidade inferior. E porquê? Por motivos vários, entre os quais, a falta de criatividade dos realizadores, a escassez de verbas, a fraca qualidade dos argumentos, a precária diversidade de artistas e a insuficiente divulgação dos filmes realizados. Todas estas razões desmotivam qualquer amante da sétima arte a assistir as obras lusas. As salas que se atrevem a apresentar as ditas obras, condenam-se a estarem cheias... de moscas e mosquitos! Porém, os responsáveis cinematográficos nacionais estão longe de demonstrar ter o bom gosto ou o bom senso, necessários para reerguer o cinema português do charco da impopularidade, no qual está estagnado. Um exemplo claro da situação que relato, é a do filme Portugal S.A. que estreia a 29 de Janeiro. O trailer do referido filme, está a ser divulgado nos diversos meios audiovisuais nacionais, feito louvável. Porém, o trailer em si é que é condenável! Todos aqueles que assistiram ao dito cujo, só podem ficar com uma impressão: trata-se de um filme pornográfico! Ao longo do trailer, apenas destaca-se a frase da actriz: “Não te apetecia rasgares-me a roupa toda e comeres-me em grande?”. De seguida aparece uma “daquelas” cenas que mostra tudo, mas não revela nada, e um spot de segundos com a palavra SEXO a ocupar o ecrã. Sugestivo, diriam uns... Leviano, superficial e gratuito, digo eu! Nada tenho contra a presença de cenas de cariz sexual, nas obras cinematográficas. Porém, estas devem apenas ser inseridas quando se justifiquem no enredo, o que não parece ser de todo o caso em questão. O que me deixa a entender, é que o filme tem como público-alvo os espectadores de filmes eróticos, ou o público voyeur do Big Brother.
Em todo caso, não vou ser eu que vou gastar os meus preciosos Euros a ver essa “arte das dejecções”.