Nem Moscas, Nem Mosquitos: França Discute Véus, Cruzes e Barbas Compridas

Nem Moscas, Nem Mosquitos

domingo, fevereiro 08, 2004

França Discute Véus, Cruzes e Barbas Compridas

O debate acerca dos símbolos religiosos e o seu uso ostensivo(na França), começa a cair no ridículo. Ora vejam:

"Perante os veementes protestos da comunidade muçulmana, o Governo tem-se esforçado por descentrar a polémica da questão do véu, e frisou que o que está em causa são "símbolos religiosos ostensivos", independentemente da religião a que pertençam. Uma cruz, uma estrela de David ou uma "mão de Fatma" discretas, em redor do pescoço, podem ser usadas pelos alunos, por exemplo. Os autores da lei evitam ser muito específicos, enumerando por exemplo o tipo de símbolos proibidos, preferindo deixar a aplicação prática da legislação a cada escola. Assim, serão os professores ou os responsáveis pelos estabelecimentos de ensino a determinar até que ponto um símbolo é ou não "ostensivo".

O debate ganhou contornos surrealistas quando o ministro da Educação, Luc Ferry, autor do projecto de lei, tentou explicar que uma bandana (lenço quadrado) que seja usada não por moda mas por razões religiosas poderia também ser proibida. Assim como as barbas.

A situação torna-se mais complicada no caso dos sikhs, por exemplo, que usam o seu longo cabelo dentro de um turbante. A primeira dúvida que se levanta é a de saber o que é um símbolo religioso: o turbante ou o próprio cabelo comprido. A religião sikh proíbe que o cabelo seja cortado desde o nascimento até à morte, o que faz deste o verdadeiro símbolo religioso. Luc Ferry admite que, no caso dos sikhs, estes possam continuar a usar o turbante se o fizerem de forma "discreta" - o que entra, obviamente, em contradição com a firmeza manifestada em relação ao véu islâmico
."


Ora bem, estes tipos de exageros laicos são de todo condenável, pois vai contra as liberdades pessoais e religiosas dos cidadãos. Liberdades essas, que devem ser protegidas pelo estado, e não reprimidas, como neste caso. Bem vindos ao “fundamentalismo laico”.